A constituição do acervo do Núcleo de Documentação História
O acervo do Núcleo de Documentação Histórica vem sendo constituído, em sua maior parte, por documentação proveniente de doações de empresas estatais, de movimentos sociais e de particulares. Em mais de 30 anos de existência o Núcleo acumulou uma diversidade expressiva de fontes para a história local e regional, em diferentes suportes tais como documentação escrita, sonora, audiovisual, iconográfica e hemeroteca.
A criação do Núcleo de Documentação Histórica
O Núcleo tem suas raízes em meados da década de 1980, quando os docentes Stella Maris Jorge, Iracema Cunha Costa, Honório de Souza Carneiro e Nadir Domingues Mendonça decidiram pela implantação do “Setor de Documentação Histórica” no Centro Universitário de Três Lagoas. Como parte desta preocupação, criou-se o “Núcleo de Estudos de Três Lagoas e Região” que teve como objetivo específico coletar, preservar, arranjar e utilizar os acervos documentais. O ponto de partida foi trabalhar com documentação oral e recolher o maior número de fontes possíveis, visando a formação de um acervo necessário para a disciplina História Regional, bem como servir à pesquisa e extensão.
A implantação teve início e alguns anos mais tarde o professor Honório de Souza Carneiro, auxiliado pelos demais professores já mencionados e contando com a participação dos alunos, tomou a frente elaborando um projeto de extensão para redimensionar e oficializar o Núcleo de Documentação Histórica.
Após a morte do professor Honório, em abril de 1998, o professor Nazareth dos Reis, parceiro do Honório nos projetos de pesquisa e de organização do Núcleo, assumiu a coordenação e garantiu a permanência do espaço e do acervo.
Semelhante ao que acontece com outros órgãos de defesa do patrimônio histórico e de preservação da memória no país, o reconhecimento do Núcleo, por parte da comunidade acadêmica, sobretudo os dirigentes da Instituição, ainda é uma questão não resolvida.
Os percalços na conquista de um espaço
O Núcleo inicialmente era alocado em uma sala de aula na Unidade II da UFMS de Três Lagoas, de onde foi trasladado para um minúsculo apartamento na mesma Unidade II, com a promessa de que aquela situação era provisória e em breve seria acomodado em local próprio na Unidade I, onde era oferecido o curso de História. Em 1993 o Núcleo foi literalmente despejado e o seu acervo depositado no corredor. Para se resolver o problema, temporariamente, encontrou-se uma sala cedida por um órgão estadual, fora do campus da UFMS.
Houve velados protestos no interior do Curso de História e exigência de transferência para a Unidade I da Universidade. Os ânimos, porém, se acalmaram com mais uma promessa de que aquela situação era transitória.
Em dado momento do final da década de 1990 o Estado solicita o espaço cedido e a documentação do Núcleo volta para a Unidade II, em sala improvisada. Somente em 1995 que a direção do Centro Universitário de Três Lagoas resolve a questão, ainda temporariamente, alojando o Núcleo num espaço ocupado pelo almoxarifado, na Unidade I, onde permanece até final de 2008.
Atualmente, funciona em prédio concluído em 2008 na Unidade II, para onde o Curso de História mudou no final daquele ano. Com espaço mais amplo as perspectivas de trabalho no Núcleo foram reanimadas resultando na continuação do desenvolvimento de projetos de organização, conservação e pesquisa, bem como o aperfeiçoamento no atendimento ao público.
Projetos desenvolvidos no Núcleo
A implantação do Núcleo de Documentação Histórica propiciou o desenvolvimento de diversos projetos de pesquisa, especialmente durante as coordenações dos professores Honório de Souza Carneiro e Nazareth dos Reis. Os principais projetos que, além da pesquisa propriamente dita, geraram acervos documentais que estão depositados no Núcleo, são os seguintes: “Formação urbana de Três Lagoas”, “Fundação cultural do Bolsão”, “Relatos e Memórias em Três lagoas”, “Produção de audiovisual sobre os primitivos habitantes do Mato Grosso do Sul, a partir dos Ofayé-Xavante”, “Resgate sócio-cultural de um grupo indígena em extinção: o caso dos Ofayé de Brasilândia/MS”, “Núcleo de Documentação Histórica para Três Lagoas e região, como subsidio ao ensino de 1º e 2º graus, em História”, “Mato Grosso do Sul: conseqüências da criação do novo estado” e “Projeto para organização de um museu histórico-cultural na cidade de Paranaíba”.
Em 2004, sob a coordenação do professor José Carlos Ziliani, desenvolveu-se o trabalho de levantamento das condições de vida e trabalho dos operários empregados nas indústrias do município de Três Lagoas. A partir desse momento os projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos no Núcleo passaram a centrar maior atenção aos mundos do trabalho. Seguindo essa dinâmica, o professor Vitor Oliveira apresentou, em agosto de 2006, o projeto “História e memória de ferroviários e barrageiros da região do Alto Paraná” para concorrer em âmbito nacional no concurso de projetos “Memória do trabalho” promovido pela Fundação Getúlio Vargas e Ministério do Trabalho e Emprego, com patrocínio da Petrobrás.
Na esteira desse projeto maior, aprovou-se junto às pró-reitorias da UFMS, para 2006 e 2007, projetos que visavam qualificar as atividades acadêmicas de organização do acervo, a partir de grupos de trabalho com voluntários e bolsistas de extensão e de Iniciação Científica: projetos de extensão “Memória e história de ferroviários e barrageiros da região do Alto Paraná”, “Educação e sindicalismo: organização do arquivo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Três Lagoas” e projeto de pesquisa “Organização do Núcleo de Documentação Histórica para estudo da memória e história dos ferroviários e barrageiros na região do Alto Paraná”.
Em 2010 as atividades de catalogação, conservação documental e divulgação do Núcleo passaram a fazer parte do planejamento do Grupo PET-História Conexões de Saberes, criado naquele ano. Com isso os bolsistas PET, mais voluntários, bolsistas de Iniciação Científica e Permanência atuam no Núcleo em diversos projetos de pesquisa ou de organização delimitados a partir dos fundos e grupos documentais.